30/05/2025 às 19:46 Histórias de ensaio Pessoal

Um dia especial

2min de leitura

Eu nasci em Nova Friburgo, no RJ, e só vim para Brasília com 2 anos e meio, quando minha mãe se casou com meu pai. Lá, minha mãe e eu morávamos com a tia dela, minha titiazinha linda, que se chama Dilcéia. Eu não me lembro, mas ela me diz que eu ter vindo pra Brasília foi uma dor muito grande pra ela, porque eu sou a “paixãozinha crônica” dela (e ela é a minha).

Crescendo, eu ia à Friburgo todo ano, já que tanto meu pai quanto minha mãe tinham família lá. Mas, por diversos motivos, nós sempre ficávamos na casa da tia do meu pai, e eu, infelizmente, aproveitei pouco a titia por muitos anos.

Dois ou 3 anos atrás, eu fui levar a MF ao Rio, para passar o réveillon com o pai dela. E decidi que ia a Friburgo – foi nessa viagem que reencontrei meu pai biológico, depois de 30 anos sem vê-lo e, uma semana depois, ele morreu (essa história tá lá no meu site, se alguém quiser ler). E essa ida era o que precisava acontecer pra eu me reaproximar da titia.

Eu preciso dizer que ela é uma das pessoas mais importantes da minha vida. Na terapia, quando a terapeuta me pediu pra criar um espaço seguro, foi ela que imaginei lá comigo. Ela é colo, é risada, é bom humor, é alegria, é carinho e é amor. Um ano depois dessa viagem emblemática, eu, de novo, fui a Friburgo. Antes de ir, ainda em Brasília, liguei pra titia e disse “titia, quando eu chegar aí, você deixa eu te pintar?”. Expliquei pra ela o que era, mas acho que ela não entendeu muito não rsrs. Apesar disso, ela disse sim.

E então chegou o dia que tínhamos combinado pra pintura. Ainda não comentei, mas a titia tinha, então, 81 anos de idade. Eu não queria que ela ficasse em pé durante o ensaio, pra não cansar, e então pintei uma cadeira pra que pudéssemos fazer as fotos com ela sentada (foi a primeira vez – e última até agora – que pintei um móvel).

Eu achei que ela ficaria envergonhada, mas me surpreendi com a desenvoltura dela diante da câmera. Foi muito emocionante pintar minha tia, minha segunda mãe. Foi tão emocionante que eu chorei e quase não consegui fotografar. Foi certamente um dos momentos mais bonitos que eu vivi, e que eu vou levar no coração por toda a eternidade. <3



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